E depois de Marcelo?
Depois da visita do Presidente da República ao nosso Alentejo, cabe perguntar: que diferença fez? O que ficou diferente?
Foram dias intensos, intensíssimos – como são muito intensos todos os dias com Marcelo. De 21 a 23 de Abril, o Presidente da República veio estrear a sua marca “Portugal Próximo” nos distritos de Portalegre, Évora e Beja, começando em Fronteira e terminando em Beja.
Esteve na educação, desde o centro escolar em Portel à Universidade de Évora, passando pela Escola de Hotelaria e Turismo de Portalegre. Esteve na solidariedade social, inaugurando o lar da Santa Casa da Misericórdia em Cabeço de Vide e visitando o atendimento a vítimas de violência doméstica em Moura e o Centro de Paralisia Cerebral em Beja. Assinalou a cultura e o património na Catedral de Portalegre e no bairro histórico da Mouraria, em Moura, indo ao teatro em Beja, doando livros à biblioteca municipal de Alvito. Esteve atento à economia e à inovação, numa estufa de morangos em hidroponia, em Beja, numa destilaria de gin, em Reguengos de Monsaraz, e na emblemática Ovibeja, onde encerrou o programa. Foi laico e também católico, cruzando-se com D. Antonino Dias, bispo de Portalegre-Castelo Branco. Não esqueceu a dramática actualidade europeia, almoçando com refugiados no Centro Humanitário de Évora da Cruz Vermelha. Destacou o interior, no recorte geral do programa e ao começar por Fronteira. Realçou infraestruturas fundamentais, por vezes debaixo de ataque, ao viajar de comboio de Alvito para Beja. E não perdeu a oportunidade para homenagear grandes alentejanos recentemente falecidos: Nicolau Breyner e Castro e Brito.
O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa não deixou de sinalizar problemas da região. Mas essa não foi a tónica da visita, antes a alegria, a exuberância, o entusiasmo. Um jornal nacional titulou assim: «Marcelo no Alentejo com beijos, abraços e muitas selfies».
Esse é o saldo principal da visita presidencial ao Alentejo: energia e esperança. Marcelo veio trazer-nos duas virtudes que mais tem, que mais exterioriza, que mais pratica: energia e esperança.
Não foi um roteiro de choradinho. Foi sementeira de confiança no futuro, abraço de encorajamento. O próprio Presidente, no balanço dos 3 dias no Alentejo, resumiu o que viu: problemas, mas muitas potencialidades – «Vimos nos últimos dias novos projectos, o desejo de alargamento do Alqueva, municípios que se estão a juntar, projectos para que a ferrovia seja um elemento de coesão social e territorial, portanto, há muita coisa a mudar.»
Marcelo deixou a mensagem, o exemplo e o incentivo de que mais precisamos. Sim, há apoios públicos que fazem falta e são necessários. Mas aquilo de que mais precisamos é de nós mesmos, alentejanos.
Dispomos já de infraestruturas magníficas. Temos realizações extraordinárias nalguma indústria, agricultura de excelência e capacidade de comercialização e exportação. Sobreiro e minas são riquezas naturais muito importantes. O internacional “porco ibérico” é a alcunha do porco preto alentejano, o porco de montado. O turismo consolida-se cada vez mais: rural, de mar, de património, na gastronomia, ambiental e com grande capacidade de inovação. As escolas estão por todo o lado, com oferta desde o pré-primário ao superior – é decisivo que as nossas crianças e os nossos jovens não percam o seu tempo e aproveitem a 100 por cento as nossas escolas, politécnicos e Universidade. As manifestações culturais de variada natureza são cada vez mais ricas. O desporto vai dando um ar da sua graça nalgumas modalidades. O artesanato, com destaque para a cerâmica, é excelentíssimo. O cante é património mundial e a viola campaniça também o poderá ser. Alqueva é catalisador de profunda mudança no interior. Temos pela frente uma cooperação transfronteiriça de enormíssimas potencialidades com Extremadura e Andaluzia.
É isso – está visto. O Melhor Alentejo só precisa de nós próprios, alentejanos: da nossa iniciativa e empreendedorismo, de capacidade associativa e da nossa entreajuda. Com alegria, exuberância, entusiasmo. Foi essa liderança que o Presidente Marcelo nos trouxe. E deu.
José Ribeiro e Castro
Advogado
MAIS ALENTEJO, 1.Junho.2016
Crónicas "AQUÉM-GUADIANA"
Advogado
MAIS ALENTEJO, 1.Junho.2016
Crónicas "AQUÉM-GUADIANA"
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