Sociedade Histórica

A Sociedade Histórica da Independência de Portugal não é apenas uma instituição raríssima. É uma instituição absolutamente única. Além dos ideais, valores e princípios que transporta, é essa singularidade exclusiva que a torna tão preciosa. Não há outra assim.

Associação patriótica mais que centenária, fundada em 24 de Maio de 1861 como Comissão Central do 1.º de Dezembro de 1640, surgiu em reacção ao sentimento iberista que então circulava em sectores da sociedade portuguesa. Iniciativa de Feliciano de Andrade Moura, comerciante lisboeta, congregou grandes figuras da época como Alexandre Herculano, Brito Aranha, Inocêncio Francisco da Silva, Anselmo José Braamcamp, José Estêvão.

Enfrentaram o desafio fundador de forma criativa e original, focando-se na comunicação social e cultural em torno da defesa da independência e da identidade de Portugal. Aquilo que fizeram ficou a marcar o património monumental do país, com o Monumento aos Restauradores – o grandioso obelisco no centro da capital – e com várias estátuas a grandes referências nacionais, edificadas em diferentes cidades, sempre com recurso a subscrição popular. Somos o que se pode chamar uma iniciativa particular e cidadã de serviço público, o que se repercute nos muitos eventos que realizamos e promovemos, ano após ano, um pouco por todo o país. O maior destaque são as comemorações oficiais do mais importante dos feriados nacionais portugueses – o 1.º de Dezembro, festa da independência nacional –, realização conjunta da Sociedade Histórica e da Câmara Municipal de Lisboa.

Ao recebermos o testemunho transmitido pelos nossos antecessores, a que prestamos homenagem, os novos órgãos sociais têm plena consciência de herdarem aquele precioso património moral, um tesouro nacional com 159 anos. É uma grata responsabilidade a que dedicaremos o melhor para estarmos à altura e irmos mais além.

Sintetizando numa só ideia o objecto da SHIP, esta é o amor a Portugal. Amor à Pátria, amor à sua História, amor à Língua, amor à Cultura Lusófona, amor à Independência e Liberdade, amor universal às Comunidades de Língua Portuguesa, amor aos nossos irmãos que por todo o mundo partilham connosco História, Língua e Cultura. Esta é a fonte e o corpo do nosso ser. O nosso orgulho, o nosso brio, a nossa auto-estima.

Vivemos tempos conturbados. Pelo mundo fora, por grosseira manipulação enviesada da História, extremistas enlouquecidos semeiam a violência onde deve reinar a paz, rasgam fracturas onde deve proteger-se a integração, destroem a unidade onde deve cultivar-se pertença comum. São tempos que exigem muito de instituições como a Sociedade Histórica. Saberemos estar presentes nessa afirmação e no testemunho de Portugal e da portugalidade, uma lide indispensável. 

Não nos enganamos de História, não nos enganamos de país, não nos enganamos de povo, não nos enganamos de irmãos. 

José Ribeiro e Castro

Presidente da Direcção da 

Sociedade Histórica da Independência de Portugal

BOLETIM INFORMATIVO, Janeiro-Junho.2020

EDITORIAL (SHIP - 22.jun.2020)