160 anos, dia de festa
Não há muitas instituições a atingir 160 anos, como a nossa Sociedade Histórica fará no próximo 24 de Maio. Grande dia, grande data de 1861, em que o nosso coração se encherá de gratidão.
Surgimos como a Comissão Central do 1.º de Dezembro para responder a uma vaga de iberismo que soava na imprensa madrilena, ecoando noutra imprensa europeia. Os nossos fundadores, sentindo o perigo, romperam com a indiferença com que «deixámos passar sem contestação esses devaneios». 40 patriotas lançariam, em Agosto de 1861, o Manifesto que logo dizia ao que vinham: «A comissão eleita pelos cidadãos lisbonenses que se reuniram no histórico Palácio dos Condes de Almada para prescrever o modo por que na capital se há de dar maior solenidade ao aniversário da revolução de 1640, que restituiu a Portugal os foros de nação independente.» O trecho impressiona pela simplicidade e nobreza. Adiante, conclui: «Precisávamos de expor claramente a opinião unânime do povo português e assegurar aos homens e aos governos que se interessam no melhor regimento da família europeia que é ânimo e deliberação nossa defender a integridade do território que possuímos.» Ponto.
Atravessado por notável e esclarecido patriotismo, o Manifesto de 1861 evoca o custo da liberdade nacional: «A luta foi longa, e ainda hoje, nesta terra da pátria, que é santa para nós, como esperamos que a seja para nossos netos, há vestígios do que nos custaram a independência e a liberdade.» Os nossos fundadores também tornaram claro não termos hostilidade aos nossos vizinhos, frisando que esta casa «nem pretende ferir o pundonor da briosa nação espanhola, nossa amiga e aliada, nem ressuscitar os ódios que outrora inimizaram os dois povos convizinhos.» O desígnio é esse: patriotismo positivo, patriotismo por nós próprios.
No próximo dia 24 de Maio que cada associado acenda em casa, com os seus, uma vela num bolo e lembre, ao apagá-la, os 160 anos da Sociedade Histórica, os quase 900 anos de Portugal, os anos de vida de cada um de nós, agradecendo vida e liberdade e pedindo saúde e o futuro.
Lembremos o espírito dos fundadores: «Nenhum outro motivo inspirou aos Portugueses a ideia de manifestar o seu patriotismo, determinando sem insinuação nem concerto prévio, na capital, nas províncias, em cidades e aldeias, repor na memória nacional, com a devida solenidade, o aniversário da Restauração da nossa independência em 1640.» Sejamos capazes em 2021 de tornar mais nacionais, mais festivas, mais populares, mais jovens, mais vibrantes as comemorações do 1.º de Dezembro, o mais nacional dos nossos feriados nacionais.
Viva a Sociedade Histórica da Independência de Portugal! Viva Portugal!
Editorial
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