António Quadros, o filósofo de sermos nós
António Quadros é uma das maiores referências do século XX português. Filho de pais notáveis – qual deles o mais notável – deixou uma marca muito forte na nossa cultura nacional. Escritor intenso, crítico literário admirado, foi um pensador, curioso e profundo, escrutinador, amoroso de nós, filósofo do ser português. Apaixonado por Fernando Pessoa, trabalha sobre ele ou em torno dele em várias obras publicadas entre 1960 e 1990. Dele disse: Às vezes penso que Fernando Pessoa é uma presença de que não me consigo livrar… Andou na esteira de Leonardo Coimbra e seus discípulos. Cruzou-se com as grandes figuras da cultura portuguesa do seu tempo e das nossas letras. Dedicou o amor da sua vida a três focos: o IADE, Portugal e a família.
Deixou-nos títulos que são um chamamento, um programa que, ainda hoje, interpela:
· Portugal entre Ontem e Amanhã
· A Arte de Continuar Português
· Portugal, Razão e Mistério (2 vols.)
· Memória das Origens, Saudades do Futuro – último livro que publicou, no ano anterior à sua morte.
· e, na poesia, Ó Portugal, Ser Profundo
É, na verdade, um intelectual que quadra muito bem a esta nossa casa, estando no perímetro dos valores para que existe a Sociedade Histórica da Independência de Portugal e para que deve servir. Encontramo-nos sempre no Portugal entre ontem e amanhã, querendo penetrar sua razão e seu mistério e servir o seu ser profundo, com memória das origens, saudades do futuro.
No vasto registo público que mantém da vida e do pensamento do seu patrono, a Fundação António Quadros difunde citações de entrevistas, que o confirmam como um dos nossos. Definiu António Quadros:
Portugal, mais do que um país, é uma mátria, uma utopia, um afecto, uma ficção – um romance. Os Portugueses vão de novo apaixonar-se por ele.
O patriotismo é um fenómeno cultural, muito diferente do nacionalismo que é um fenómeno político. Não devemos confundi-los, uma coisa é a nação, outra a Pátria.
Fez este vaticínio, que é também advertência:
Há fundadas razões para esperar que as novas gerações, libertas de complexos e avisadas pelo fracasso da cultura estrangeira e internacionalista que domina as superestruturas e os seus poderes em vários planos, consigam inflectir a tendência autodestrutiva, a tempo de salvarem esta velha e nobre pátria da queda no anonimato histórico, ou num provincianismo onde só restariam alguns tipismos regionais sem dimensão nacional.
Oxalá! E apontou:
O Quinto Império é um mundo de valores que nos pertence a nós criar.
Pertence-nos criá-lo. Na verdade, António Quadros continua a inspirar e a guiar.
José Ribeiro e Castro
Presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal
BOLETIM DA SHIP, 30.Setembro.2023
Editorial
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