O Foral do Porto faz 900 anos


Hoje, é dia festivo para os portuenses, seus descendentes e familiares por todo o país ou no mundo, todos os que gostam do Porto e o seguem. Em 14 de Julho de 1123, D. Hugo, bispo do Porto, que havia recebido de D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, a doação do concelho, outorgou à cidade e seus habitantes Carta de Foral. Ainda faltavam cinco anos para a Batalha de S. Mamede (em que os vimaranenses festejam o nascimento do país). E faltavam vinte anos para a conferência de Zamora, em que, mais geralmente, comemoramos a independência.

Na Sociedade Histórica da Independência de Portugal, há largos meses que estamos a abordar o desafio dos 900 anos de Portugal, que se comemoram neste século. A nossa perspetiva é a de um ciclo longo que, a espaços, se estenda entre a celebração das datas de 1128 (batalha de S. Mamede) e 1179 (bula Manifestis Probatum). Olhamos os 900 anos como fonte e oportunidade para nos conhecermos mais, nos projetarmos melhor no quadro europeu e mundial e alimentarmos a nossa auto-estima e capacidade de realização. As comemorações convocam sempre um olhar sobre o passado de onde vimos, mas servem sobretudo para, tomando balanço, olharmos para o futuro, fortalecermos a confiança, levarmos de vencida os desafios actuais.

Termos história antiga é um privilégio raro. É isso que devemos prezar. Descrita amiúde por feitos de reis, nobres e eclesiásticos, ela é história popular. Foram os portugueses, os comuns, que, à sombra da coroa, fizeram Portugal. Antes de haver Portugal, não havia portugueses. Só chegámos aqui porque nos fomos forjando como um povo, com língua própria, no território que os reis unificaram. A prova esteve à vista nas graves crises nacionais dos séculos XIV e XVII, que vencemos. Já havia o povo português.

Nessa construção nacional os concelhos são fundamentais. Daí a importância dos forais, e não só por razões simbólicas. São eles que nos permitem identificar pelo território a progressiva construção medieval de Portugal. Por isso, definimos o projeto “Forais da Fundação, Municípios de Portugal” para dar a conhecer essa preciosa antiguidade. Nalgumas dessas terras, o foral é até mais antigo que a independência reconhecida, em 1143, por Afonso VII, de Leão e Castela, ao nosso primeiro rei D. Afonso Henriques. O lema definido para unir é: “As terras que fizeram Portugal já estão a festejar 900 anos”.

Neste ano, já estivemos em Viseu, que recebeu foral em Maio. Hoje, é o dia do Porto. Parabéns! Que todos disfrutem deste 9.º Centenário e dele tirem seiva e inspiração para um futuro ainda melhor.


José Ribeiro e Castro
Presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal

JORNAL DE NOTÍCIAS, 14.Julho.2023

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