Cercados pelo Hamas
G |
rande é o
poder do Hamas que nos cerca no nosso próprio país. Um pouco por todo o mundo
também. Cerca-nos nas nossas cidades, nos nossos bairros, nas nossas casas,
pelo berreiro irracional e pela propaganda, pela televisão e pela internet, pelo
condicionamento da generalidade da comunicação social e bolsas de
colaboracionismo. Até o governo está a enredar-se no equilibrismo do arame da
equidistância: um Estado democrático e uma corporação terrorista é tudo a mesma
coisa.
A tragédia do
hospital em Gaza é a evidência mais evidente. Já toda a gente viu que as provas
são claras no sentido de a bomba que matou 500 vítimas no Al-Ahli ter vindo da
Jihad Islâmica. Mas continua a alimentar-se a falsa dúvida, só para não
condenar o Hamas. Se os dados apontassem para a responsabilidade de Israel (ou
somente nada revelassem), a gritaria seria monumental: de manhã, à tarde e à
noite, pedir-se-ia a cabeça do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e das
chefias militares israelitas e, bem assim, a condenação universal de Israel – o
que seria compreensível. Mas como é o Hamas o culpado, é preciso, a todo o
custo, fingir que não se sabe. O que é isto? Descarada protecção ao Hamas.
Diante do
escândalo de mais estes 500 palestinianos mortos, quem pede a cabeça do Hamas? Já
se viu vídeos dos disparos de "rockets" pela Jihad, à hora e
na zona do hospital atingido. Já se viu a ausência de marcas de um inventado
ataque por mísseis israelitas. Já se viu registos de imagens nocturnas que
evidenciam o que realmente aconteceu, onde e como aconteceu. Já se ouviu a
gravação de uma conversa telefónica entre gente do Hamas, relatando os factos e
admitindo a culpa. Já se viu mapas fidedignos com a trajectória dos "rockets"
da Jihad. E todos estamos a ver que o Hamas não tem uma prova que sustente as
acusações que atirou contra Israel para, com base em mentiras e mistificações, enfurecer,
mundo fora, aqueles que nos cercam. O filme é “Malvado Israel contra Hamas
coitadinho”. O que é isto? Descarada protecção ao Hamas.
Ao acusar
Israel, na sua raiva apressada, o Hamas nem sequer avançou a ideia de que
pudesse ter sido um erro de operação militar – na guerra, os erros acontecem.
Não, os israelitas, cruentos, tê-lo-iam feito de propósito. Já Israel, que tem
provas, sempre disse que foi uma falha no lançamento de "rockets"
pela Jihad Islâmica na proximidade do hospital. Ou seja, terá sido erro, incompetência,
aselhice ou infortúnio. Muitos acham, porém, o Hamas capaz de o fazer de
propósito. Israel não foi por aí: limitou-se a apontar o que as provas suportam
sem margem para dúvidas. Até este simples aspecto ajuda a mostrar quem mente e
quem fala verdade. Mas a novela do “não se sabe” prossegue nos palcos da
política e da comunicação. O que é isto? Descarada protecção ao Hamas.
A comunicação
social censurou implicitamente o Presidente Biden por, perante as provas,
“ilibar” Israel. Como podia ser de outra forma? E por que não o fazem outros
também? Na era dos Polígrafos e dos Fact Check, por que não
desmacara a comunicação social as mentiras e a culpa do Hamas? Porque a
generalidade da comunicação social perdeu a independência, ou o sentido
crítico, ou a coragem diante do Hamas. Ou perdeu tudo isto ao mesmo tempo. É
bom que, urgentemente, os recupere.
C |
om tudo isto,
o Hamas e seus apoiantes já quase esconderam por completo o terror de 7 de
outubro. Lembram-se? Foi nesse dia que começou mais esta guerra terrível.
Começou com uma chuva de "rockets” sobre o Sul de Israel (como aquele
que atingiu, agora, o Hospital Al-Ahli). Lembram-se? Começou com um ataque
terrorista sanguinário de proporções nunca vistas sobre cidades e kibutzes
vizinhos da faixa de Gaza. Lembram-se?
A mortandade
foi tão alta que logo foi escrito que desde o Holocausto nunca tantos judeus
tinham sido mortos num só dia. Porém, o mundo e as nossas sociedades parecem já
estar prontos para aceitar outra vez com indiferença essa estatística dos
piores demónios. O terrorismo executado foi tão brutal e de vítimas tão
numerosas que é difícil, senão impossível, encontrar paralelo. Mortas, uma-a-uma,
ali a vê-las, a tocar-lhes, a abusar das raparigas e das mulheres, quando e
enquanto se quiseram “servir”. A matar os alvos, metralhados, ou esfaqueados,
ou degolados, ou fechados nas casas ou abrigos e queimados vivos, às vezes em famílias
inteiras. Superou-se o cúmulo da bestialidade, ao decapitar bebés. Esquecemos
tudo?
Não vimos? Já
não sabemos? Depois não voltem a perguntar como foi possível o Holocausto. Foi
assim. As pessoas sabiam alguma coisa. Mas era abafado. E quase toda a gente
fazia de conta.
A inércia
diante deste horror terrorista acontece porque estamos cercados. Exemplo
paradigmático é Carmo Afonso, cronista trissemanal do Público. No X,
o antigo Twitter, é muito nomeada, por estes dias, por “Carmo Fiambreira
Afonso”. Ganhou o novo apelido por, a respeito da questão dos bebés
decapitados, ter tido o mau gosto de tentar o humor, dizendo que tinha sido
“uma fiambreira”. Sic.
Carmo Afonso achou tanta graça à “piada” que, dias depois, acusada de nada ter dito sobre o atentado em Bruxelas, porque “tem, também, as mãos sujas de sangue”, respondeu com a graçola que a faz famosa: “cortei-me na fiambreira”. Sic.
1
Carmo Fiambreira Afonso, 11 Outubro 2023 |
2
- Carmo Fiambreira Afonso, 17 Outubro 2023 |
Como é isto
possível? Como é possível rir da tragédia mais ignóbil daquele 7 de Outubro
impossível de esquecer? Como é possível figurar
bebés judeus fatiados numa fiambreira e achar que isso faz rir? É o cerco pelo
Hamas. Há gente que se ri do terror. Ri-se e não retira. Ri-se e não explica –
nem no X, nem no Público. Ri-se e não pede desculpa. Ri-se e
insiste.
O terrorismo é
feito tema leviano. O que é o 7 de Outubro, data em que, desde o Holocausto,
foram assassinados mais judeus num só dia? É matéria humorística. Quem pensa e
age assim tem o coração e a mente do Hamas. Só esses são capazes de rir e
gracejar desse modo. Pode negar. Mas é aí que está: a graçola é o teste do
algodão da insensibilidade e da indiferença. Por mais que tente limpar (e nem
tentou), o algodão vem sempre sujo.
Quarta-feira,
na Assembleia da República, tivemos outra demonstração da insustentável leveza
do ser. Debatia-se como a esquerda mais esquerda mostrava proximidade aos
terroristas, não os condenando com veemência. Ripostou Paula Santos, líder
parlamentar do PCP: “Queremos reafirmar o distanciamento e condenação de acções
violentas que visem as populações e vítimas inocentes palestinianas ou
israelitas.” Ah! Valente! Diante daquele terrorismo bárbaro sobre judeus, o PCP
afirma “distanciamento e condenação de acções violentas”, assim como uma rixa
de garotos, pancadaria no futebol, uma zaragata nas vielas. E lembra-se das
vítimas por ordem e em disjuntiva: “palestinianas ou israelitas”. Português
requintado e cuidadosamente calibrado.
Pena que
Paula Santos, como Mariana Mortágua ao seu lado, ainda não tenham tido tempo de
verberar nos termos mais fortes a forma como os terroristas do Hamas violaram mulheres,
ao lado de maridos ou namorados assassinados, ou noutras circunstâncias
escabrosas; e como as arrastaram escorrendo sangue entre as pernas, tamanha
fora a violência, umas para morrerem ali mesmo, outras para o captiveiro. Uma
trágica, repugnante, massiva demonstração do abuso da mulher como arma e troféu
de guerra. É especialmente chocante que as mulheres na política e na vida
cívica não se cheguem à frente para gritar, denunciar e condenar, sem mas, nem
meios mas, estes actos abaixo do mais vil que se conheça, e exigir a identificação
e punição exemplar dos violadores e dos mandantes, custe o que custar. Como é
possível tanto silêncio e indiferença? Dirijo-me, aqui, especialmente a Carmo Fiambreira
Afonso, a Paula Santos e a Mariana Mortágua. Mas dirijo-me, em geral, a todas
as feministas da treta, que faltam sistematicamente a estas provas de verdade, de
tão enredadas andarem na ideologia e no grupismo.
F |
ace à extrema
atrocidade dos actos terroristas cometidos, cara a cara, corpo a corpo, é vergonhoso
e chocante que nada esteja a ser feito para perseguir os criminosos e os
aprisionar. Quem foram os terroristas do Hamas? Quem foram os assassinos
daqueles mais de mil de vítimas inocentes? Quem são os seus chefes? Quem são os
seus apoiantes e financiadores? Quais os nomes? Quais os rostos? Onde se
acoitam? Quem os esconde e abriga?
Por que não
se emite uma ordem de captura universal, para os apanhar e levar perante a
justiça? Seja onde for e quando for. Em muitos Estados, há base jurídica suficiente.
Base jurídica internacional, creio que também. E aquela que faltar tem de ser
adoptada, com determinação e rigor. Estes actos de vileza selvagem não podem
escapar à responsabilização efectiva perante a justiça. Ou será que o mundo, que
se apresenta como civilizado, já deu férias aos terroristas?
Em 2015, o
mundo inteiro desfilou, em Paris, contra o ataque terrorista ao Charlie
Hebdo, que vitimou 15 pessoas. As 1.000 mortes de 7 de Outubro pelo ataque
terrorista do Hamas no sul de Israel não valem? Não contam por serem judeus? Já
chegámos aí outra vez?
Que os
membros no Conselho de Segurança vejam, em sessão à porta fechada, os vídeos, em
toda a sua crueza gráfica, dos horrores cometidos pelo Hamas sobre mais de um
milhar de inocentes naquele 7 de Outubro. E informem-nos a seguir do que vão
fazer. Que os conselhos de ministros dos governos de todo o mundo vejam também esses
mesmos vídeos do remake em 2023 deste brutal apontamento do Holocausto.
Digam-nos a seguir o que vão fazer. Que os vejam também em plenário da Comissão
Europeia. E participem-nos como irão agir.
Muitos dizem
condenar o Hamas, nada ter a ver com ele. Soa a hipocrisia superficial quando
nada se faz contra os terroristas e, pior, se alinha pelo coro que os protege. Provem
que são mesmo contra o Hamas, a Jihad, esses. Persigam, identifiquem e capturem
os terroristas, assim como os líderes, apoiantes e financiadores. Entreguem-nos
à justiça.
E |
os reféns? Como é possível o mundo e a opinião
pública mundial assistirem, como se nada fosse, ao espectáculo dos reféns do
Hamas. Israel diz que sabe haver 199. Mas o Hamas afirma, triunfante, que tem
lá 300. Como pode aceitar-se que a comunidade internacional, seja qual for a
posição de cada um quanto à questão de fundo, não esteja a movimentar-se
solidariamente para libertar todos esses inocentes das garras dos captores? Vimos
o modo como muitos foram capturados: mulheres, crianças, raparigas, velhos, até
bebés, um magote de civis sem culpa de qualquer sorte, apanhados e brutalizados
por serem judeus ou por estarem ali.
O mundo quer
saber como estão? Onde estão as exigências humanitárias para que a Cruz
Vermelha e outras organizações vejam se estão vivos e de saúde e os visitem onde
estão guardados? Que pressão põe o mundo para assegurar que as mulheres não são
violadas? Que verificação é feita de maus-tratos a que sejam sujeitos? O mundo
ainda é civilizado? Ou já se rendeu à ordem do Hamas?
Toda a gente
sabe e quase toda a gente diz que, desde há vários anos, na faixa de Gaza, o
Hamas usa os civis palestinianos como escudos da sua estratégia extremista. O
que fazemos para libertar os palestinianos inocentes dessa canga? Ou estamos
apostados em reforçar o poder opressivo do Hamas? Agora, capturou, ao modo
selvagem medieval, centenas de reféns judeus, e alguns estrangeiros, para
aumentar o seu poder de ameaça. Qual é a posição da maioria dos dirigentes
mundiais, dos seus governos e parlamentos? De cócoras.
Não pode ser
mais eloquente: o mundo quase todo de cócoras diante do terror.
Salvar as
vidas inocentes dos reféns é uma prioridade. É fundamental identificá-los, um a
um, e afirmar quanto a todos eles a custódia internacional. O Conselho de
Segurança das Nações Unidas deve declará-los sob sua custódia e responsabilizar
o Hamas por tudo o que de mal lhes aconteça. A China deve declará-los também
sob sua custódia e fazer ao Hamas advertência similar. O mesmo por parte da
União Europeia e todos os Estados-membros. A mesma declaração pela Liga Árabe e
a mesma intimação aos terroristas pelos membros da Liga. O mesmo vindo de
outros Estados, da Arábia Saudita ao Brasil, da Índia aos Estados Unidos, do
Reino Unido à África do Sul. Todos de preferência, para isolar o Hamas, já que
nenhum Estado diz ter a ver com o Hamas e todos dizem repudiá-lo.
Se a palavra
é verdadeira, não será difícil inverter o cerco e cercar o Hamas. Como deve
ser.
A |
guerra é terrível e pode demorar. Depois de
parar e caladas as armas, haveremos de ser capazes de construir a solução para
todos, Israel e Palestina. Enquanto durar, muitos discutirão de quem é a culpa
desta guerra, procurando desmoralizar confundir.
O culpado é
sempre quem provocou a guerra. Não há volta a dar. Assim como a Rússia é
responsável por todas as mortes na guerra na Ucrânia, incluindo as suas, assim
também o grupo terrorista palestiniano Hamas é responsável por todas as mortes
que esta guerra causa.
Esta é a
guerra do Hamas. É essencial que a perca e que a paz possa instalar-se.
Comentários
Enviar um comentário