Novo governo, desafios nacionais urgentes


Começa novo governo, liderado pelo primeiro-ministro Luís Montenegro, efeito das últimas eleições. Trabalharemos com ele no melhor espírito e total lealdade, ao serviço dos valores da independência nacional e da identidade portuguesa. O quadro político não parece assegurar grande estabilidade política, mas só o futuro dirá. Muitas vezes, a realidade surpreende. Desejamos a melhor sorte, grande visão e grandes desígnios, boas propostas e boas decisões, ao serviço de Portugal.

A maior inquietação do futuro próximo está na situação internacional, dominada pela agressão e invasão da Rússia à Ucrânia. A guerra decidida por Vladimir Putin prossegue em nível extremamente perigoso. Pode alastrar a qualquer momento, rompendo a paz na Europa e no mundo. Portugal é também atingido e envolvido, enquanto membro da NATO e da União Europeia, devendo estar preparado para esses perigos. Claro que, antes de mais, devemos agir energicamente pela diplomacia e pela política internacional, nas Nações Unidas e noutros quadros multilaterais e bilaterais, para levar a Rússia a reconsiderar e a regressar às suas fronteiras e ao direito internacional. Desejamos viver em paz com o povo russo e não há quem queira agredir a Rússia e ocupar-lhe território. Esperamos que a Rússia faça o mesmo e cesse a invasão dos vizinhos, que põe em crise a paz europeia e mundial. Mas enquanto a Rússia mantém e agrava a agressão, temos de nos prevenir, com os nossos aliados, para enfrentar e vencer uma eventual guerra. O competente e devido apetrechamento das nossas Forças Armadas e o regresso do serviço militar obrigatório, cuja falta há muito se sente, são, assim, de alta prioridade nacional, para estarmos prontos a responder a qualquer chamada do futuro. Os mais graves desafios enfrentam-se e vencem-se, estando preparados. É imperativo político e militar, de curto, médio e longo prazo, que não pode ser adiado.

Outro desígnio nacional que pede visão estratégica determinante é o Mar. Pelo Círculo do Mar, a Sociedade Histórica tem demonstrado que, dada a sua transversalidade, a plena e abrangente governance do Mar só se obtém por uma Comissão Parlamentar para as Políticas e Valência do Mar. Será, aliás, o maior aliado do ministro do Mar, se vier a existir, ou de outro modelo de governo, consolidando-lhe a abrangência política total, a coerência multissectorial e a continuidade estrutural das políticas definidas para o Mar. É um desígnio que espera há anos por visão e ambição por parte dos políticos que nos dirigem. Se for decidida agora, é reforma tão acertada e necessária, que durará por décadas.

José Ribeiro e Castro
Presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal

BOLETIM DA SHIP, 31.Março.2024
Editorial

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